Resumo

Esta dissertação examina as interrupções presidenciais na América Latina, analisando seu impacto nas dinâmicas executivo-legislativo, na política de coalizões e no estabelecimento de agendas. Contrariando narrativas convencionais que enquadram esses eventos como indicadores de instabilidade, este estudo argumenta que eles funcionam como mecanismos de recalibração, promovendo a concentração governamental e a coesão legislativa, ao mesmo tempo em que reconfiguram as relações de poder. Baseando-se em um modelo teórico de jogos e em uma análise empírica de 792 anos de governo em 18 países, a pesquisa explora como as interrupções surgem de interações estratégicas entre as elites políticas e como elas impulsionam realinhamentos sistêmicos. Os resultados revelam que as interrupções são precedidas por um aumento na supervisão legislativa, maior dependência do executivo em relação à confiança legislativa e polarização intensificada, destacando o papel central do legislativo como árbitro de poder. Após as interrupções, os governos consolidam coalizões e se alinham ideologicamente com o legislativo, estabilizando a governança e reduzindo a polarização. Ao mesmo tempo, a coesão da oposição declina, refletindo a desestruturação das coalizões governistas anteriores.

Abstract

This dissertation examines presidential interruptions in Latin America, analyzing their impact on executive-legislative dynamics, coalition politics, and agenda-setting. Contrary to conventional narratives framing these events as indicators of instability, this study argues that they function as recalibration mechanisms, fostering government concentration and legislative cohesion while reshaping power relations. Drawing on a game-theoretic framework and empirical analysis of 792 administration-years across 18 countries, the research explores how interruptions emerge from strategic interactions among political elites and how they drive systemic realignments. The findings reveal that interruptions are preceded by heightened legislative oversight, increased executive dependence on legislative confidence, and intensified polarization, highlighting the legislature's central role as an arbiter of power. Post-interruption, governments consolidate coalitions and align ideologically with the legislature, stabilizing governance and reducing polarization. Meanwhile, opposition cohesion declines, reflecting the disruption of former governing coalitions.